sexta-feira, 14 de maio de 2010

A Fase Maia de FLW



A fase californiana da carreira de Wright, também conhecida como “maia”, foi considerada durante muito tempo um período intermediário menor entre as grandiosas fases prairie e usoniana.

Muitos ainda consideravam este período como o menos bem-sucedido de sua carreira – principalmente pela vanguarda européia, que acolhera com entusiasmo a arquitetura da fase inicial de Wright. Agora, nos anos 20, muitos membros desta vanguarda – adeptos da idéia loosiana do ornamento como delito – viam com perplexidade estes blocos de concreto ornados. Parecia um retrocesso do antigo mestre, um anacronismo que beirava o kitsch.

A monografia de Sweeney revalorizou esta fase. A revisão da obra de Wright, a partir dos anos 80, permitiu um resgate deste período – iluminado pelo novo olhar da segunda metade do século. De fato, longe de ser um anacronismo, a fase textile-block adquire hoje um sentido de atemporalidade, originalidade e intensa expressividade plástica – que era no fundo tudo o que FLLW queria. Ainda causa estranheza, mesmo ao olhar contemporâneo. E é provavelmente por isso que, muito antes dos arquitetos, foram os cineastas que primeiro redescobriram esta esquecida produção.

A crítica dos modernistas europeus não procederia, porque a fase “maia” da obra de Wright mantinha sua sintonia com o moderno através do uso ousado das possibilidades do concreto armado (incluindo balanços e janelas de canto) – além da intensa pesquisa na pré-fabricação em canteiro. De certa forma, até mesmo prenuncia-se um approach contemporâneo ao dialogar com a paisagem natural através de volumes e blocos que, sempre que possível, deveriam apresentar a mesma cor da terra do local. FLLW defendia uma arquitetura que parecesse surgir naturalmente do solo, como se fosse uma obra da natureza, ou fruto de um artífice folclórico medieval (Taliesin) que invocasse os elementos sagrados da natureza.

Embora Wright admirasse a arquitetura maia, a expressão abstrata, em baixo-relevo, dos blocos tem mais a ver com o cubismo – portanto, os blocos nada tinham de “anacrônico”. O efeito todo é de maravilhamento: uma arquitetura que desperta não somente o olhar como também o tato.

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